Segue, abaixo, fábula que ilustra, da maneira mais didática possível, o argumento favorável à justiça como eqüidade. O trecho (que modifiquei aqui para efeito ultra-pedagógico) foi retirado do livro “Uma teoria da Justiça, de John Rawls”, e é de autoria de Frank Lovett (professor de Ciência Política na Washington University). Tradução minha para a Editora Penso (Porto Alegre – RS).
1. Imagine que um pecuarista rico tenha morrido e deixado seu rebanho para dois filhos, sem especificar quais animais deveriam ficar com este ou aquele filho.
2. Como todo animal tem características próprias, dividir o rebanho não é algo simples. Não basta, por exemplo, colocá-los em dois grupos numericamente iguais, ou dar todos os animais marrons para um filho e os pretos para o outro.
3. Digamos que os irmãos não cheguem a um acordo sobre a divisão dos animais e decidam consultar um juiz sábio. Como ele deve proceder?
4. A resposta é simples. O juiz diz a um dos irmãos: “Divida o rebanho em dois lotes, do modo como você julgar adequado”.
5. Voltando-se ao outro irmão, o juiz diz: “Depois que seu irmão tiver dividido o rebanho em duas partes, caberá a você escolher qual das duas será sua e qual será dele.”
6. Já que o primeiro irmão pode presumir que o segundo escolherá o melhor lote, sentir-se-á impelido a dividir o rebanho do modo mais justo possível, de modo a ficar satisfeito com qualquer dos lotes que toque a ele próprio.
Pois bem, a teoria da justiça social – o que Rawls chama de “justiça como equidade” – baseia-se essencialmente na mesma idéia.
(In: Lovett, Frank: Uma teoria da Justiça, de John Rawls. Porto Alegre: Penso, 2013. Tradução de Vinicius Figueira)