Nem todas as pessoas que escrevem em meio eletrônico são modernas, ou melhor, pós-modernas (leia-se “confusas e egocêntricas”) o bastante a ponto de transformarem a Internet em jogo efêmero e tolo de citações (quase sempre auto-encomiásticas) dignas de adolescentes débeis.
Não se sentem, tampouco, obrigadas a atualizar, todo dia e a qualquer hora, impressões desimportantes sobre a beleza de seus umbigos, a nobreza de suas virtudes e, digamos, o comportamento de seus cachorros.
Escrever demanda um certo tempo – tempo que os chamados “blogueiros” quase sempre ignoram, pois querem tudo em um agora que lhes mate a angústia (angústia de que tanto precisam e não sabem…).
O que você lê aqui, prezado leitor, não é um “blog” no sentido estúpido costumeiramente aplicado ao termo. São textos rápidos, sim, feitos “de uma tacada só”, e polidos em mais duas ou três, quase sempre depois de algum pensar, faculdade que, felizmente, uma parcela da humanidade ainda usa. São textos que não carecem de alguma densidade, mas que não se pretendem científicos ou rigorosos. Ciência e rigor são substantivos reservados à Academia (ainda que esta não costume fazer bom uso deles). São, enfim, textos ou palavras que, em sua maioria, não se materializaram em papel e que surgiram sob a forma eletrônica por uma espécie de elogio à individualidade e ao ócio (não confundir, por favor, com individualismo e conforto blasé).
Um abraço a todos. Vinicius
Encontrei seu espaço por acaso, clicando num link do WordPress sobre Teoria da Literatura enquanto organizava a importação do meu blog para cá. Foi confortante achar um espaço que diz não à mediocridade e mostra que uma internet crítica é uma realidade possível.
A partir de hoje haverá um link no meu material para este espaço. Se pelo menos um aluno meu vier aqui e sair com algumas inquietações, valerá a pena.
Sucesso!
Prezada profa. Bianca, é com satisfação que leio seu comentário, ainda mais vindo do Recife, cidade onde morei durante um ano na adolescência (no século passado, portanto…[risos]). Agradeço pelo link e espero que seus alunos possam aproveitar um pouco do que escrevo aqui. Caso tenham perguntas ou queiram debater os temas aqui abordados, coloco-me à disposição de todos, certo? Felizmente, sempre há alunos interessados em assuntos tidos como secundários, como é o caso da literatura e da filosofia. Em breve, visitarei seu site (já passei rapidamente por lá) para retribuir seu comentário. Acho a iniciativa de divulgar a literatura brasileira seriamente em meio eletrônico, como você faz, algo sob todos os aspectos elogiável. Um abraço, Vinicius
Caro Vinícius
Achei interessante seus comentários acerca de Simões Lopes Neto. Um pouco agressiva sua postura – que concordo em grande parte e considero necessária em alguns momentos -, mas que não leva em consideração o aspecto (contraditório e inegavelmente mítico e alienador da construção de uma mentalidade autoritária e excludente) da formação de uma identidade patriarcal que ainda permanece. Essa permanência não se deve única e exclusivamente aos aspectos apresentados, infelizmente, pois, se fosse assim, bastaria “um choque de realidade” para que as pessoas entendessem as contradições nas quais estão imersas. Tenho interesse nessa área e acessei seu site através de uma pesquisa sobre Simões Lopes Neto. Cumprimento-o pela coragem em abordar tão cruamente essas questões e pelos referenciais que utiliza.
João Luis Pereira Ourique
Prezado João Luis,
Obrigado pela leitura e pelo comentário. Sim, o texto contém uma certa agressividade, que é, contudo, proporcional à estupidez que nos cerca. No formato escolhido aqui, que é o do texto sintético, não é possível aprofundar o tema tanto quanto você gostaria, pelo que peço desculpas (mas há bom historiadores por aí, você bem sabe). Sobre a “formação de uma identidade patriarcal que ainda permanece” não tenho nada a declarar, a não ser um certo desprezo. Agradeço-lhe também pelo elogio à minha coragem em enfrentar cruamente algumas questões gauchescas e o patronato das bombachas e lencinhos. Lembro-me, também, de uma passagem do Marquês de Beccaria, que, com algum esforço hermenêutico, pode adaptar-se aos princípios que aqui defendo: “Tais princípios desagradarão sem dúvida aos déspotas subalternos (…). Tudo eu poderia recear, se esses pequenos tiranos se lembrassem um dia de ler meu livro e entendê-lo; mas os tiranos não lêem”.
Um abraço,
Vinicius
Os dois últimos comentários acima referem-se ao texto “João Simões Lopes Neto e a miséria intelectual dos gaúchos”, publicado aqui mesmo, neste site, em junho de 2009.
Conta-se muito sobre aquela primeira viagem ao sul. Nomes mágicos afloram daquelas brisas leves: Sorrento, Campanha, talvez Pompeia… e outras flores da bota. Fala-se mais ainda das constantes dores de cabeça, intermináveis horas de convalescência. Da junção da natureza e do gênio surgiu uma nova filosofia, intuiu-se o que foi parida como “modernidade”, uma Pala Atena tola e impetuosa da cabeça de um Zeus supliciado (sábio aquele que não presenciou o tal sec. XX). Me veio a metáfora ao me deparar acidentalmente com seu delicioso blogue (procurava uma merda de resumo para tal livro de Foucault para a merda de um concurso) . Tem sangue aqui, tem também as duas únicas palavras que me remetem a qualquer noção de cultura em meu país: “Rio e Janeiro” e as cronicas aqui cantam um realismo de encharcar o caneco. Se nossa delicadeza está se esvaindo de minuto a minuto meu ceticismo cresce num ritmo chinês. Do alto das minhas egoísticas dores dos meu trigésimo terceiro aniversário encontrei um amigo, como é incrível este sec.XXI! No atual estado da minha flor do Lácio e confusões mentais isso, oras, já é algo. Obrigado e parabéns.
Sinto-me gratificado por seu comentário, talvez o mais interessante da história deste sitiozinho perdido nos confins da internet. Agradeço-lhe, Herbert, as palavras elogiosas e saúdo, ao mesmo tempo, o filósofo de Röcken. Desculpe-me pela demora em responder.
Saudações “copacabânicas”,
Vinicius