Saudade da terra

Saudade do útero da mãe terra, da mãe terra escura, negra e úmida que um dia me abrigou no mais recôndito dos silêncios, em isolamento de tudo e de todos, principalmente de todos, removido para sempre da vida comezinha do um dois três e quatro pelo qual julgam contar-me, eu, maior do que tudo, eu, maior do que o nada, por um instante eterno enterrado na Coxilha do Fogo, na Coxilha dos Piegas, à beira do São Gonçalo, nas margens do Canal que se ilumina pela brancura de uma casa, como um Cruz e Souza extemporâneo, como um Drummond de segunda, entregue à terra – escura, úmida e uterina terra.

Texto escrito em junho, mas publicado em julho (com data retroativa). Faltava-me um computador.
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2 respostas para Saudade da terra

  1. ALVARO F. TRIERWEILER disse:

    “sou uma sombra, venho de outras eras
    do cosmopolitismo das moneras
    pólipo de recônditas reentrâncias
    larva do caos telúrico, procedo
    da escuridão do cósmico segredo
    da substância de todas as substâncias”

    – Augusto dos Anjos (fera em ciências naturais)

  2. Vinicius disse:

    Era bom esse cara…

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