“Nem mazurcas, nem abusões”, dizia Drummond, em língua que não mais entendemos hoje, ao falar sobre a poesia e sua procura – sobre como não fazer poesia (repara: na dialética entre o fazer e o ser, a poesia está mais próxima deste do que daquele). Se a poesia, contudo, resta inacessível a todos, é porque os interesses são outros. Toda vez que ingresso nos ditos ambientes culturais de nossas cidades – livrarias, cafés e megastores – meu fígado (ou será minha úlcera?) acusa o golpe: ao som de algo mais enfadonho do que uma dança polonesa, lá estão todos os nossos “poetas”, falando em excesso, gritando em excesso, existindo em excesso, abusões encarnadas que são.
Texto escrito em 07/4/2005
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