“Nem mazurcas, nem abusões”, dizia Drummond, em língua que não mais entendemos hoje, ao falar sobre a poesia e sua procura – sobre como não fazer poesia (repara: na dialética entre o fazer e o ser, a poesia está mais próxima deste do que daquele). Se a poesia, contudo, resta inacessível a todos, é porque os interesses são outros. Toda vez que ingresso nos ditos ambientes culturais de nossas cidades – livrarias, cafés e megastores – meu fígado (ou será minha úlcera?) acusa o golpe: ao som de algo mais enfadonho do que uma dança polonesa, lá estão todos os nossos “poetas”, falando em excesso, gritando em excesso, existindo em excesso, abusões encarnadas que são.